Dezembro: Jesus, o Filho de Deus assume a natureza humana, se encarnando, nascendo entre nós, como nós, exceto no pecado.
Eis um dos mistérios centrais da história humana, que a qualifica como história divina, ou seja, um Deus se faz humano, nascendo de uma virgem e resgatando `a condição humana sua participação na natureza divina. Trata-se, sem duvida de uma graça que o Criador novamente concede `a humanidade, recriando-a no seu Filho, dando assim uma face divina aos humanos e conferindo a importância da face humana para o Divino.
O nascimento de Jesus de Nazaré em uma humilde manjedoura em Belém, cumpre todas as profecias acerca da vinda do Messias, o prometido por Deus, de modo que esse Deus conosco, o Emanuel, nasce comunicando o cumprimento das promessas de um Deus Onipresente que nunca abandona suas criaturas.
A liturgia para preparar esse evento salvífico para a humanidade, prepara o Povo de Deus, Igreja agindo no mundo, através de uma preparação que se estende por 4 domingos: é o tempo do advento que se estende por 4 celebrações que culminarão na celebração da noite de Natal, quando junto ao coro dos anjos, a Igreja exultará em júbilo cantando Glória in excelsis Deo, acolhendo assim o menino Deus que nasce para presentear a humanidade todo, independente de sua cor, raça, condição social, formação, ou qualquer outro fator.
Será graças `a encarnação de Jesus Cristo que a humanidade recupera sua dignidade no mistério da ação salvífica de Deus. É um mistério que nos eleva a todos `a condição de renascidos com Jesus, para o qual somos também convidados a gerarmos Jesus em nossos corações, comunicando o poder salvador desse Messias.
Jesus, como o Messias, como o enviado pelo Pai nos exorta a sermos também mensageiros dessa mensagem de paz entre os humanos, como um desejo de Deus para nossas vidas. Eis o grande presente que Deus nos dá e com o qual temos que retribuir a todas as pessoas.
Na verdade, é um mês em que deveríamos apreender o valor supremo do amor de Deus como o maior dom que nos foi concedido. Não deveríamos diminuir a grandiosidade dessa solenidade, pela mera troca de presentes que são passageiros. O presente do Pai, seu Filho entre nós jamais passa!
Podemos nos render aos apelos da sociedade que nos incita a trocarmos presentes como manifestação de afetividade, porém não podemos jamais deixar de nos presentear com o dom do amor de Jesus que nasce para presentear nossos corações e dar sentido sagrado ao nosso viver.
Desta forma, nos preparemos durante o tempo do advento, como um tempo de espera, como se nos uníssemos `a Virgem Maria, gestando o menino Jesus no útero de nossos corações, para que Jesus nasça não só no dia 25 de dezembro, mas em todos os dias do nosso viver, e com isso de fato nossa união ao coro dos anjos seja um eterno Glória in excelsis Deo.
D. Robson Medeiros Alves OSB
Prior do Mosteiro de São João Gualberto