Maio: um mês dedicado à Mãe de Deus e a todas as nossas mães.
Em maio comemoramos o mês das mães e, especificamente, no segundo domingo o delas. Isso deve ser comemorado e celebrado com especial alegria, ainda que devamos ter uma visão crise do fato de reduzir tais ações ao mês e segundo domingo de maio. Afinal, mãe é mãe todos os dias do ano, por toda a vida.
Em certo sentido, dentro da perspectiva da experiência religiosa e piedade cristã, não reproduzimos esse mesmo comportamento ditado pelas tradições culturais da sociedade, daí o dia desse ou daquele santo ou santa. Todavia, naquilo que tange à nossa relação cotidiana com a Mãe de Deus, conseguimos resgatar a protetividade continua da mãe de Deus, através de seus muitos títulos, comemorados ao longo do ano. Entretanto, no mês de maio além da comemoração do dia das nossas mães, comemoramos também o mês de Maria, como a Igreja o define popularmente, referenciando uma festividade litúrgica com diversos dos títulos de Nossa Senhora, como por exemplo, dentre outros nos dias: 08 - Nossa Senhora da Estrela, 13 – Nossa Senhora de Fátima, 15 – Nossa Senhora do Montenegro, 24 – Nossa Senhora Auxiliadora, 26 – Nossa Senhora de Caravaggio, 31 Nossa Senhora da Visitação e Nossa Senhora Medianeira de todas as Graças.
A propósito, podemos dizer, numa perspectiva poético-teológica, de forma analógica, mas não própria, que Nossa Senhora foi a primeira que comungou Jesus Cristo, o Ressuscitado que se deu em alimento a todos nós. como expressão de uma profunda espiritualidade mariana isso nos aproximará da Mãe de Deus, reconhecendo-lhe como presença importante na vida da Igreja e de todas as pessoas, efetivando-a como um modelo de maternidade.
Com certeza o aspecto que manifesta o sentido de celebrar a maternidade como fato especial na vida se relaciona com a hesed, que no hebraico significa as entranhas misericordiosas do amor de Deus, que nos acolhe no seu íntimo, como a mãe traz o filho no seu interior.
A mãe traz o filho no seu útero por um longo período que a natureza lhe solicita, estabelecendo com o feto uma relação de profunda união que garante àquele ser indefeso e incapaz de sobreviver sozinho, sua possibilidade de se desenvolver e nascer. Tal é uma atribuição natural que confere às mães um condição especial. Os homens podem também amar intensamente seus filhos, porém não o podem fazer tal experiência bio-relacional, todavia podem estes amar tanto quanto e profundamente como as mães.
Neste sentido o papel biológico da mulher lhe garante um papel social de profunda importância. Infelizmente, nem sempre ela é reconhecida e admirada na sua profundidade afetiva, tornada alvo de agressões, marginalizações e preconceitos, que as colocam numa condição de dependência e submissão. Temos que mudar nossa sociedade para que contemple profundamente a riqueza e importância da mulher e mãe.
Assim, que este mês nos ensine a sermos mais sensíveis aos mistérios da maternidade, nos demonstrando o quanto cada um de nós, homens ou mulheres, somos chamados também a gerar um Menino Deus, Jesus Cristo, em nosso interior, de modo que nossos atos, palavras, ações e sentimentos equivalham a nossa resposta de gerarmos o amor que é Deus, de modo a que nosso mundo seja cada vez mais sagrado, e que nos sintamos todos como que vivendo dentro do grande útero que é o Amor de Deus, sinal do desejo de paz e felicidade que Deus quer para todos nós.
Parabéns a todas as mães! E que pela intercessão da Mãe de Deus, aprendamos a cuidar com carinho do crescimento de Jesus entre nós, de modo a fazermos desse um mundo de Deus, de mais afeto, carinho e cuidado.
Dom Robson Medeiros Alves OSB
Prior do Mosteiro de São João Gualberto