Quando a Igreja dedica o mês de outubro para ser lembrado como o mês das missões, ela apenas dá curso a uma organização de um calendário celebrativo que orientará a vida pastoral das comunidades. Ela tem consciência de que outubro será apenas um mês para recordar a importância do ser missionário, para ressaltar o mandato de Jesus Cristo: “Ide e fazei discípulos todas as nações.” (Mt 28, 19) A Igreja, portanto, nos exorta a escutarmos este ordenamento do Mestre como nossa resposta concreta de ação missionária.
Aliás, cada um de nós, por força de nossa vocação batismal é chamado a renová-la não só em outubro, como também em novembro, dezembro, ou seja, em todos os meses do ano, de modo que assumirmos a vocação missionária resulte em transportar Jesus de nossos corações aos corações dos outros. O que demanda para cada um de nós uma entrega confiante de que apenas iniciaremos os trabalhos da messe, mas quem os concluirá é o Espírito Santo de Deus, que nos soprará por horizontes diversos e, por isso devemos confiar no auxílio divino.
Realizarmos um trabalho missionário confiando no auxílio da graça de Deus significa vivermos uma comunhão com Deus, levando aos outros o mesmo frescor dessa comunhão que experimentamos no dia a dia. Bem por isso é que o ser missionário exige uma saída de nós mesmos para entrarmos na graça divina, e o mesmo se deve estender aos outros. Aliás, que não precisam estar muito longe, isto é, a missão é um agir tanto no mundo próximo como no distante, ela não fronteiras.
A propósito, é importante ressaltar que o poder e a abrangência de ser missionário não estão relacionados apenas aos aspectos geográficos, mas também nos aspectos da conversão pessoal, nas relações interpessoais na família, no trabalho, no trabalho, na escola, no laser, na comunidade paroquial, enfim, em todo lugar em que decida sair de si mesmo e se decida a abrir-me ao outro, mas não um abrir-se por mim e para mim, mas um abrir-se para levar Cristo. Nesse sentido, podemos ressaltar que a padroeira das missões, a monja Santa Teresinha do menino Jesus de, por detrás da clausura do seu mosteiro fazia chegar Cristo aos lugares mais distantes. Ela era auxiliada pelo sopro do Espírito Santo que lhe derrubava os limites físicos da clausura, sem dar um passo para fora desta.
Todavia, a muitos irmãos e irmãs o Senhor envia diretamente para lugares distantes com culturas diferentes das suas, dando-lhes força e coragem para vencerem desafios, entregando-lhes uma missão além-fronteiras, para confortar, encorajar, cuidamos, perdoar, restabelecer a paz, alimentar, rezar etc., como resposta a uma graça que Deus nos dá e que atribui a cada momento um sentido inédito de agirmos cooperando com Ele, repetindo o agir do Senhor Jesus Cristo que sempre caminhava rumo a todos os que necessitassem.
Assim, como “imitação de Cristo”, muitos irmãos e irmãs partem em missão, largando suas famílias, terras, culturas, condições de conforto etc. para se aventurarem apaixonadamente por essa possibilidade de levar o anúncio amoroso do Reino de Deus.
Neste sentido, temos não só que sermos missionários de Cristo, tal como precisamos convidar outros a serem também. Eis aí a primeira missão a que somos chamados a cumprir como resposta positiva a Deus e que une as dimensões individual e comunitária da vida da Igreja como marcas de um único empenho e esforço para “fazer Cristo ser tudo em nós”. E que a nossa missão seja o Cristo agir em nós, pelo sopro do Espírito Santo.
D. Robson Medeiros Alves OSB
Prior do Mosteiro de São João Gualberto