Junho: santos populares católicos fortalecendo a cultura religiosa brasileira.
A cultura popular brasileira no mês de junho celebra três santos: Santo Antônio dia 13, São João Batista dia 24 e São Pedro dia 29. São três festas religiosas que integram nosso patrimônio cultural, refletindo sobre nossa identidade religiosa e cultural para reforçar o sentimento de brasilidade, de norte a sul do pais.
Em Santo Antônio, um exímio pregador, temos a imagem do santo casamenteiro, que no devocionário popular, é capaz de “arranjar casamentos”. Ora é um santo ao qual o povo acorre para tornar o vínculo matrimonial profundamente sagrado, e dai recorrer à proteção do santo para firmar os vínculos matrimoniais, de modo que a este Santo não se atribui apenas o poder de arranjar bons casamentos como também a manutenção e fidelidade dos mesmos. No devocionário popular é também um santo associado ao poder de ajudar na solução de casos difíceis e se encontrar objetos sumidos.
Como lemos na alocução introdutória à missa do dia 24 de junho, no Missal Romano,“João Batista é o único santo, além da Mãe do Senhor, de quem se celebra, com o nascimento para o céu, também o nascimento segundo a carne”. Com isso se acentua, liturgicamente, o fato de que quando a Virgem Maria, fecundada pelo Espírito Santo, parte em visita a sua prima Izabel, mãe de João Batista, ela já estava no sexto mês da gravidez, de modo que Maria fica com a prima por aproximadamente três meses, voltando depois para em dezembro ter seu filho, e isso reforçar os laços proféticos que anunciavam o nascimento do Salvador, como de origem sacerdotal. Zacarias, o pai de João Batista e esposo de Izabel. Neste sentido, João Batista se apresenta ao mesmo tempo tanto como o último profeta do Antigo Testamento tal como o primeiro do Novo Testamento, pelo fato de que ele confirma as profecias que anunciavam tal nascimento, como efetivaram que já o mesmo já nascera e por isso se deveriam ser preparados os caminhos do Senhor. João, então, se torna o precursor do Messias, o Cristo Jesus o Deus encarnado.
No dia 29, na liturgia celebramos São Pedro e São Paulo, apóstolos. Todavia, no devocionário popular dos santos de junho, apenas São Pedro ganhou relevância celebrativa. A partir da “Depositiomaryrum” (354) temos o relato da solenidade do martírio de Pedro neste dia. Assim, na alocução introdutória da liturgia desta solenidade, no Missal Romano lemos que, “Pedro, escolhido por Cristo como fundamento do edifício eclesial, portador das chaves do Reino dos Céus (Mt 16, 13-19), pastor do rebanho santo (Jo 21, 15-17), confirmador dos irmãos (Lc 22, 32), e na sua pessoa e nos seus sucessores o sinal visível da unidade e da comunhão na fé e na caridade”.
Desta forma, na intensidade e alegria das celebrações populares dos santos juninos, temos ocasião para festejarmos elementos constituintes da vida cristã como elementos que nos revitalizam, isto é: a dimensão da sacralidade matrimonial e da família, a dimensão profética do anúncio de Cristo como o Enviado do Pai e, a dimensão da vida na Igreja, que mediante o pastoreio daquele que Cristo colocou como sinal de comunhão e unidade segue seu caminho de esperança na antecipação de Reino de Deus entre nós, como comunidade de Deus, Igreja de Cristo.
D. Robson Medeiros Alves OSB
Prior do Mosteiro de São João Gualberto