Fevereiro: Em Jesus Cristo, o Messias apresentado ao Templo, todos os povos são iluminados para se consagrarem a Deus.
Logo no inicio deste mês, dia 02, a Igreja celebra a Festa da Apresentação do Senhor trata-se da ida do Menino Jesus, que por sua mãe a Virgem Maria e seu pai adotivo São José foi levado ao templo para que se cumprissem os preceitos da Lei de Moisés como costume religioso de seu povo, que prescrevia que todo primogênito devia ser consagrado ao Senhor, devendo portanto, a família apresentar um sacrifício de resgate, tal como para reconhecimento de que só de Deus vem toda a vida.
Essa solenidade, acontece aproximadamente há 40 dias após o nascimento do Menino Luz , o Messias predito pelos profetas, marcando o fim do ciclo das festas natalinas, para ser testemunhado publicamente como a Luz do mundo.
O resgate sacrificial que a família de Jesus faz, antecipa profeticamente o sacrifício que o mais tarde Jesus Cristo com seu sacrifício na Cruz vai realizar em favor da vida e redenção da humanidade, e por isso Simeão, com o menino nos braços diz `a sua mãe: “Quanto a ti, uma espada traspassará a alma”. Ele, um por todos, vai abolir definitivamente a necessidade de se continuar tais sacrifícios da oferta dos animais como preço a ser pago pela purificação e resgate da vida. Jesus assume a condição sacrificial de ser o cordeiro imolado por todos, dando sua vida em resgate para toda a humanidade.
A Festa da Apresentação de Jesus e purificação de Maria sua mãe é ressaltada pela declaração de Jesus como Luz para todos os povos, que ilumina-lhes caminhos para que estes caminhem ao encontro ao Senhor. É na presença do simbolismo das velas que cada um de nós, liturgicamente ascendemos as chamas da esperança e da fé, de que tudo em Cristo tudo pode ser melhor. Com base nesta esperança consagramos nossa vida, nossa história, nossas instituições, enfim tudo, ao Senhor Todo Poderoso. E como as velas bem simbolizam a postura do colocar-se em oração, devemos assumir esta esperança e fé como ação litúrgica diária de união com Deus.
Nesta Festa a Igreja também comemora o dia dos consagrados, daqueles e daquelas que nos claustros dos mosteiros, nos conventos, seminários, etc., se ofertam ao Senhor, consagrando-Lhe a vida para que toda esta seja uma oblação que repita o amor de Deus pela humanidade, dando todo um enfoque especial `a Vida, que com Jesus adquire valor absoluto, afinal Ele o Filho de Deus se faz humano para consagrar a humanidade ao seu Pai, introduzindo-a na participação da Vida de Deus, isto é, sacralizando-nos.
Assim, tal como a Virgem Maria que levou no colo seu filho para apresentá-lo no templo, que cada um de nós se apresente ao Senhor para ser purificado, reconhecendo ser Jesus, o Messias que ilumina todos os povos, a salvação preparada por Deus, tornando-O nossa Luz e com Ele assumindo convictamente a missão de consagrar a vida, isto é, de reconhece-la como sagrada porque Deus quer.
De um modo especial, consideremos com bastante atenção as palavras exortativas de São Sofrônio, contidas no ofício das Leituras desta Festa, que no século VII escreveu: “Que ninguém fique excluído deste esplendor, ninguém insista em continuar mergulhado na noite. Mas avancemos todos resplandecentes; iluminados por este fulgor, vamos todos ao seu encontro e com o velho Simeão recebamos a luz clara e eterna. Associemo-nos `a sua alegria e cantemos com ele um hino de ação de graças ao Criador e Pai da Luz, que enviou a luz verdadeira e, afastando-nos todas as trevas, nos fez participantes do seu esplendor.
D. Robson Medeiros Alves OSB
Prior do Mosteiro de São João Gualberto