Janeiro: início de um ano novo de paz para todos, como manifestação do sermos de Deus.
O mês de janeiro, que os abre o ano civil, nos traz nos seus primeiros dias a motivação litúrgica vivermos a mesma espiritualidade do tempo do natal, no qual Jesus, é chamado o Príncipe da Paz, conforme já anunciado pelo Profeta Isaías (Is 9, 5), pela própria natureza deste título, presenteia a humanidade com o dom de em Deus reencontrarmos a paz.
Assim Aquele que é a paz em sua essência, da mesma forma que recebe dos reis magos, ouro, incenso e mirra como presentes dos humanos, retribui-nos, presenteando com aquilo que Ele é: a Paz, uma manifestação do como é a Casa do seu Pai, para nos mostrar como deve ser o nosso mundo.
Neste sentido, a sociedade, evocando no seu primeiro dia uma vocação especial que reflete muito apropriadamente o desejo de Deus para todos os seus filhos e filhas, responde afirmativamente com a celebração do Dia da Paz Universal, como acolhimento a este desejo de Deus. Assim, estar em paz é um laço de união com Deus e com a humanidade toda. É para vivermos em paz que Deus nos gerou.
E para caracterizar bem a geração da paz dentro de uma coparticipação humana no projeto de Deus para a vida da humanidade, não há melhor figura que a da Mãe de Deus, que gera o Príncipe da Paz, Jesus Cristo. Maria como aquela que traz a paz em seu ventre e que o gera para o mundo. Neste sentido, ainda dentro da oitava do Natal, isto é, o oitavo dia de celebração da solenidade do nascimento do Menino Jesus, a Igreja celebra a solenidade da Mãe de Deus e a sociedade comemora a jornada mundial pela paz celebrar. Vemos uma profunda harmonia entre celebrar a Mãe do Príncipe da Paz, que também é nossa mãe e o comemorar um dia para a Paz Universal, como sinal de que somos todos irmãos que devem viver em paz.
O primeiro dia do ano, portanto, dá entonação para todos os dias do mesmo. E ele abre o Tempo de Deus, o Kairós, como a marca do nosso tempo cronológico. A paz que celebramos como um sinal da presença de Deus, já desde o primeiro dia designa um mistério de vida cristã que deve acompanhar a vida da Igreja por todo o ano, então, que esse ano civil que se abre cheio da presença de Deus seja preanuncio de um ano de paz, justiça, saúde, felicidade, harmonia, fraternidade e tudo de bom
Para tal, se a intenção e o desejo de ser portador da paz se transformar-se num modo de viver, estaremos ajudando na transformação da vida e da igreja, como sinal sacramental de viver em Cristo como sinal de participação no seu Reino.
Enfim, a paz, ela é um dos valores mais absolutos que a sociedade ao longo de sua história cultivou como um sinônimo de pertencer a Deus, ela é a própria manifestação da pertença ao povo de Deus. Ela é uma virtude que o cristão absorve como um desafio inerente `a sua condição de ser de Cristo, de viver em Deus, de ajudar na construção de uma sociedade melhor, de ser Igreja operante no mundo.
D. Robson Medeiros Alves OSB
Prior do Mosteiro de São João Gualberto